Agricultores moçambicanos lamentam saída da Acção Agrária Alemã

Agricultores moçambicanos lamentam saída da Acção Agrária Alemã

A Acção Agrária Alemã, presente em Moçambique há 40 anos, vai retirar-se da Zambézia. Naquela província, as famílias que beneficiaram da assistência, vêem com apreensão o fim do ciclo do projeto alemão.
Segundo a responsável na Zambézia da Acção Agrária Alemã (AAA), Ema Reis, esta organização vai deixar Moçambique, onde marcou presença durante 40 anos. Só nas Cidades de Quelimane e Nicoadala na Província da Zambézia, 1500 famílias foram abrangidas pelos projetos da organização. Em Namacurra Mopeia Luabo, no extremo sul da província, a AAA desenvolveu projetos nas áreas de agricultura, pecuária, comércio e poupança.
Welthungerhilfe Mosambik in der Provinz Zambezia A diretora regional da AAA Ema Reis procura parceiros
A diretora da AAA na Zambézia, Ema Reis, parte satisfeita. Reis está optimista quanto à perspetiva dos grupos beneficiados uma vez que partem de uma base de bons conhecimentos adquiridos através dos projectos. "Todo o processo de transferência de conhecimento e de tecnologias fomentou também o vínculo com o mercado. Muitas feiras agrícolas foram promovidas nos últimos anos para mostrar aos produtores que temos que produzir não apenas para comer, mas também para vender. Isso ajuda para ver agricultura não como meio de subsistência mas também olhar a agricultura como um meio de vida”.
A importância de aprender
As famílias beneficiadas dizem terem melhorado significativamente sua dieta alimentar com o projeto. Além de verduras e carne caprina, aprenderam a produzir outras variedades de alimentos, diz a agricultora Regina Chá-Verde: "Com a Acção Agrária Alemã aprendemos a preparar papas de soja, aprendemos a pastar gado”.
Welthungerhilfe Mosambik in der Provinz Zambezia (DW/M. Mueia ) A camponesa Regina Chá-Verde lamenta a partida da AAA
Triste por ver partir a organização, acrescenta que já pediram ao Governo para que crie outras parceiras "para nos assistir. Nós não sabíamos cuidar de nutrição”. Regina Chã-Verde contou à DW África que agora tem pás, enxadas e regadores: "Antes não tínhamos isso”.
Também Anabela Raimundo mostra-se preocupada com a despedida. Diz que já se sente a falta da AAA e que agora deposita as esperanças numa eventual assistência do Governo moçambicano, para continuar a aprender: "Ensinaram-nos muita coisa que não sabíamos. Ficamos a trabalhar com as coisas deixadas e os que nos ensinaram na parte de hortícolas e criação de patos e cabritos”.
Procura por novas parcerias
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Agricultores moçambicanos lamentam saída da Acção Agrária Alemã

A directora da AAA Ema Reis quer tranquilizar a população: "Estamos no processo de contactar outras ONGs que possam estar interessadas para dar seguimento ao trabalho que foi, para que os grupos não fiquem agora sozinhos.”Ema Reis enumera os principais desafios que teve que vencer nos últimos três anos, marcados pela seca: "A agricultura foi duramente afetada, reduzindo a nutrição”. Reis adianta que a AAA apostou bastante na pecuária, conseguindo, assim, minimizar o impacto negativo da seca na economia local. E salienta outros progressos e inovações conseguidos: por exemplo, muitos grupos aprenderam a produzir soja e a consumir leite de soja: "O mesmo se passa com a batata-doce de polpa alaranjada. Para muitas famílias foi cultura nova. Mas agora sabem como processar a batata. Isso tudo ajuda as famílias a melhorar as suas vidas”.
Segundo Ema Reis a AAA ajudou a reduzir em 80% a taxa da desnutrição das famílias beneficiarias ensinando-lhes a graças a produzir, processar e consumir estes novos alimentos.

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