STAE é o principal suspeito em todas elei­ções fraudulentas

 *STAE é o principal suspeito em todas elei­ções fraudulentas*

Canal de Opinião por Edwin Hounnou
O governo marcou o recenseamento  elei­toral, a decorrer, só e somente só, nas 53 autarquias, de 1 de Março a 29 de Abril passados.  O que mais nos preocupa é a maneira como o processo decorreu e a quase cumplicidade dos partidos políticos, os mais interessados na transparência das elei­ções. O que se notou, ao longo do registo de potenciais eleitores, não tem algo igual em democracias  modernas. Nos dois meses em que durou o recen­seamento, viu-se um enorme esforço do partido no poder de fazer um recenseamento paralelo e de intimidar funcionários do Estado, coagindo-os onde se deveriam recensear
Os órgãos eleitorais - o Se­cretariado Técnico da .Admi­nistração Eleitoral (STAE) - é o principal suspeito em todos os pleitos de organizar elei­ções fraudulentas, no país, que, muitas vezes, desembo­cam em conflitos político-militares, foi nele que os par­tidos deixaram a sua sorte Uma negativa é a nota que se atribui ao STAE e à Frelimo.
A Renamo e MDM pouco fizeram para impedir que o STAE concretizasse, na forma e volume, os seus macabros intentos. Os partidos extraparlamentares não deram a cara, nunca falaram que estivesse a decorrer algum recenseamento.
A Renamo e MDM e os de­mais partidos recebem também uma nota negativa pelo seu fraco desempenho e falta de mobilização a potenciais elei­tores para, em massa, afluírem aos postos de recenseamento.
A oposição deixou à mercê do STAE, seu inequívoco adversá­rio politico e um aliado natural do regime. Os partidos têm que entender que não há vitórias fáceis. Uma eleição é verdadei­ra luta para arrancar o poder a quem o detém e o exerce. Uma eleição ê uma verdadeira guer­ra e dela só sobreviverá quem se entregar de alma e coração. Não vimos essa entrega nas forças oposicionistas. Não vale a pena vir a chorar amanhã, porque quem boje não planta não poderá colher fruto algum.
Vimos, sim, a Frelimo mui­to preocupada em trazer, em camiões, pessoas de fora do raio autárquico a fim de se re­censearem nas cidades e vilas autárquicas. Os fiscais da Frelimo  traziam consigo folhas estatísticas para preencherem, perguntando aos recenseados sobre os seus dados pessoais. Isso foi largamente denunciado pela imprensa mas continuou até ao último dia, porque a opo­sição não fez barulho suficien­te. O STAE estava ao corrente desses acontecimentos, todavia fez vista grossa, por razões de fraternidade com a Frelimo.
Se esse registo, diga-se, fosse feito por outros partidos, como a Renamo ou MDM, teria havido uma pronta intervenção policial, prisões imediatas e julgamen­tos relâmpagos. Os implicados teriam sido exemplarmente condenados. Os órgãos de justiça são céleres quando se trata de punir a oposição ou com ela identificada. Nisso são demasiadamente bons. O próprio STAE teria chamado a sua TVM para a filmar e fa­zer chegar, com pompa e cir­cunstância, aos quatro cantos do mundo sobre as manobras antidemocráticas da oposição.
Brigadistas do STAE que trabalharam nas zonas emi­nentemente da oposição até se davam ao luxo de impor as suas próprias regras, violando, assim a lei. Para além de exi­girem pagamento extralegal em dinheiro aos que quises­sem recensear-se. impediam que senhoras trajadas de blu­sas com cava ou de calças.
O STAE calou feito túmulo, em sinal de anuência.
Essas atitudes dariam, no mínimo, uma rescisão de contrato de trabalho, porém nada lhes aconteceu. Não foi por acaso que o STAE procedeu de tal modo. Sempre disse­mos que o principal adversário da oposição é o STAE e não
a Frelimo. É o STAE que faz fraudes, como ficou demons­trado na eleição intercalar de Nampula., com troca de cader­nos e fabricação de eleitores fantasmas de modo a permitir que eleitores importados de outros lugares tivessem aces­so as assembleias de voto
Para que fosse recenseado o menor número possível de potenciais eleitores, o STAE desviou recursos, espalhan­do brigadas por distritos não "autarcizados". Esta mano­bra foi visível e feita à luz do dia. A oposição não de­nunciou. Manteve-se muda
Ai onde a Frelimo não con­segue obter votos satisfatórios, as percentagens de recensea­mento andam à volta de 60 a 70%. Essas cifras não indicam a indiferença dos potenciais eleitores dessas cidades ou vi­las anárquicas mas os obstá­culos impostos pelo STAE para que o número de recenseados fosse reduzido. O oposto é ex­travagante, por exemplo, em Xai-Xai o número de recen­seados atingiu 114%. Chibuto chegou aos 107%. Chókwè bateu com 126% e Mandhlakasi registou 366%. O STAE não pode pensar que o povo não percebe a jogada. Estarão as populações de Gaza mais motivadas que as do resto do país? O entendimento politi­co de Gaza é mais alto que de Sofala, Zambézia e Nampula?
Nas votações anteriores, foi evidente que até os mor­tos também votam. Os que vivem fora do país votam. Os que mudaram de residência votam. As urnas ficam bar­rotadas de votos falsos, e os fiscais da oposição, ai onde houver, são ameaçados para “voluntariamente” se retirarem, antes que o pior lhes aconteça.
O STAE quer fazer do povo imbecil ignorante e estúpido. Não se esgana o povo sempre. O  STAE é um cancro que cor­rói a democracia e coloca em perigo a soberania do povo. O povo escolhe e o STAE bara­lha. Os consensos alcançados entre o Presidente Filipe Nyusi e o malogrado líder da Renamo, Afonso Dhlakama, não fazem a mais pequena refe­rência a este bicudo problema, mas é uma questão de suma importância para a pacifica­ção e reconciliação do povo.

in: CANAL DE MOÇAMBIQUE – 06.06.2018

* Titulo da autoria do Blog

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