Dívidas ocultas: VTB emite ultimato a Moçambique com discurso racista
O chefe do
segundo maior credor da Rússia, o VTB, lançou um ultimato a "nossos amigos
negros de Moçambique", numa discussão recente sobre o crédito de 535
milhões de USD concedido para a MAM (Mozambique Asset Management), uma das
famigeradas empresas do calote de 2.2 bilhões de USD.
"Se os
nossos colegas, em Moçambique, não tomarem medidas para acelerar esse processo,
teremos que declarar, até ao final do ano, que o país entrou em 'default",
disse Andrei Kostin, CEO do banco VTB, falando a repórteres no Fórum Económico
Oriental, em Vladívostok, na quarta-feira. "Eu espero que nossos amigos
negros, em Moçambique, ouçam isto".
Kostin, um
ex-diplomata, tem um histórico de uso de linguagem controversa. Pediu
desculpas, no ano passado, ao chamar Boris Johnson, que deixou o cargo de
secretário de Relações Exteriores do Reino Unido há dois meses, de "freak,
em comentários para estudantes de uma universidade que prepara jovens russos
para o serviço diplomático. Em Novembro, ele comparou os regulamentos do banco
central a um cancro da próstata.
O serviço de
imprensa do VTB disse que, ao usar a palavra "negro", Kostin não quis
ser ofensivo nas suas observações, feitas em russo. "O chefe do VTB não
tinha intenção de ofender ninguém. Deve-se entender a palavra 'negro' como
'amigo'"; este demonstra atitude amigável e baseada em confiança para com
o parceiro. Em russo, a palavra 'negro' para descendentes de África tem nenhuma
conotação negativa e interpretá-la de qualquer outra maneira é de maneira
alguma precisa", considera o serviço de imprensa do banco russo.
A maioria dos
russos não veria problema com a declaração de Kostin porque não usou uma
linguagem ofensiva, de acordo com Alexander Verkhovsky, chefe do crime de ódio,
na organização de monitoria Sova Center. Racismo e discriminação por motivos
étnicos é um problema arraigado na Rússia, disse ele.
Os comentários de
Kostin chegam num momento em que Kremlin está ansioso em expandir sua presença
em África, e Putin sediará uma Rússia-África, Cúpula co-presidida pelo
presidente egípcio Abdel Fattah el-Sisi, no próximo mês, na cidade de Sochi, no
Mar Negro.
A estatal VTB
está ajudando a liderar o processo, tornando África um dos seus mercados
internacionais prioritários, depois que foi forçado a reduzir seus negócios na
Europa diante de sanções imposta após a Rússia anexar a Crimeia da Ucrânia, em
2014.
Moçambique
procurou reestruturar cerca de 2 mil milhões de USD de crédito, inclusive da
VTB, desde 2016, quando o governo admitiu ter contratado a maior parte deles sem
notificar o Fundo Monetário Internacional como era obrigado.
A nação africana
está tentando cancelar uma garantia do governo em um crédito organizado pelo
Credit Suisse Group AG, citando alegações de suborno e propinas. O
credor suíço negou qualquer transgressão. (Blomberg)
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