Homens armados atacam em Mocímboa da Praia
Pelo menos dez pessoas morreram e várias casas, incluindo a sede da
Frelimo, partido no poder, foram incendiadas na sequência de um ataque armado,
na segunda-feira, no norte de Moçambique, informaram fontes locais, citadas por
organizações não governamentais.
O ataque ocorreu
cerca das 18:00 (menos uma hora em Lisboa) na aldeia de Mbau, Mocímboa da
Praia, onde grupos desconhecidos incendiaram várias casas e a sede da Frente de
Libertação de Moçambique (Frelimo), disse o porta-voz do partido, Caifadine
Manasse, citado pela Agência de Informação de Moçambique.
A Unidade de
Intervenção Rápida (UIR) das Forças de Defesa e Segurança tentou repelir o
ataque, tendo ocorrido uma troca de tiros por longas horas, referiu o chefe da
aldeia de Mbau, citado pela organização não-governamental (ONG) Centro de
Integridade Pública (CIP), que tem uma missão de observação eleitoral na
região.
"Os
insurgentes também arrombaram barracas [locais de venda informal] e
apoderaram-se de mercadorias, incendiaram as barracas e saíram da aldeia com a
viatura cheia", disse.
O número de
mortos na sequência do ataque está por apurar.
O CIP fala de
pelo menos 10 mortos, enquanto que uma outra ONG de observação eleitoral, Sala
da Paz, aponta para 15 vítimas mortais.
A Lusa tentou
obter esclarecimentos junta das autoridades, mas não obteve resposta.
O CIP acrescenta
ainda que houve no mesmo dia mais uma ataque, por volta das 10:00, na vila de
Lindala, no distrito de Muidumbe, onde dois homens morreram após serem atacados
quando trabalhavam em seus campos agrícolas.
Alguns distritos
da província de Cabo Delgado, norte de Moçambique, são alvo de ataques de
grupos armados desde há dois anos, havendo relatos de violência quase todas as
semanas, apesar do silêncio das autoridades.
De acordo com
números recolhidos pela Lusa, a onda de violência já terá provocado a morte de,
pelo menos, cerca de 200 pessoas, entre residentes, supostos agressores e
elementos das forças de segurança.
Os ataques
ocorrem na região onde se situam as obras para exploração de gás natural nos
próximos anos.
O grupo
'jihadista' Estado Islâmico tem anunciado desde junho estar associado a alguns
destes ataques, mas autoridades e analistas ouvidos pela Lusa têm considerado
pouco credível que haja um envolvimento genuíno do grupo terrorista nos
ataques, que vá além de algum contacto com movimentos no terreno.
EYAC // JH
Lusa/Fim
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