"Dívidas ocultas": Funcionários do banco russo receberam também subornos
De uma piscina no Maputo a uma propriedade luxuosa na Riviera francesa,
passando por milhões pagos em Abu Dhabi, foi a rota de subornos a um bancário
do Crédit Suisse envolvido no escândalo das “dívidas ocultas”.
A revelação foi
feita num Tribunal em Nova Iorque na quinta-feira, 17, onde também se soube que
foi numa piscina em Maputo onde foram acordados os primeiros subornos de um
destacado funcionário do Crédit Suisse no conhecido caso das “dívidas ocultas”
de Moçambique.
Ao testemunhar em
tribunal pelo segundo dia do julgamento do empresário libanês Jean Boustani,
acusado de defraudar investidores americanos, o antigo funcionário do Crédit
Suisse, Andrew Pearse, revelou também, pela primeira vez, que um funcionário do
banco russo VTB, Makram Abboud, também foi subornado para facilitar os
empréstimos.
Abboud teria
recebido dois milhões de dólares.
O Banco VTB e o
Crédit Suisse foram os financiadores do projecto de pesca e segurança costeira
do Governo moçambicano no valor de dois milhões de dólares, mas que nunca foi
levado a cabo.
Pearse – que
admitiu anteriormente ter recebido 45 milhões de dólares – disse que estava em
Maputo em 2013 quando Boustani lhe ofereceu dinheiro em troca de conseguir
baixar as taxas de transacção dos empréstimos.
“Lembro-me
claramente porque foi a primeira vez na minha vida em que alguém me ofereceu um
suborno”, disse a testemunha que precisou estar numa piscina quando o suborno
lhe foi oferecido. Não revelou, contudo, o local da piscina.
Pearse
acrescentou ainda ao tribunal que a sua decisão de aceitar subornos de Boustani
deveu-se ao facto dele querer deixar o Crédit Suisse e ter uma ligação amorosa
com Detelina Subeva, também empregada do mesmo banco.
Subeva também já
se declarou culpada de ter recebido subornos e deverá testemunhar contra
Boustani.
Na sessão de
ontem, o júri que vai decidir na culpabilidade ou não de Boustani teve a
oportunidade de ver documentos que comprovam vários depósitos de um milhão de
dólares numa conta bancária de Andrew Pearse em Abu Dhabi.
Pearse disse
também ao tribunal que, depois da companhia ProIndicus ter obtido os
empréstimos da Cedit Suisse em Março de 2013, ele reuniu-se com Iskandar Safa,
um dos directores de Privinvest, e Jean Boustani numa propriedade de Privinvest
na Riviera francesa, onde acordaram o pagamento de pecentagens de empréstimos
da Privinvest através do Crédit Suisse.
A Privinvest nega
ter cometido qualquer ilegalidade e através de um advogado citado pelas
agências de notícias acusou Pearse de afirmar o que a acusação americana quer
que ele diga para não ir para a prisão.
Um porta-voz do
banco russo refutou as acusações de Pearse descrevendo-o como “um fraudulento
convicto”.
O julgamento
prossegue nesta sexta-feira, 18, em Nova Iorque com mais declarações de Andrew
Pearse.
VOA – 18.10.2019
Comentários
Enviar um comentário