Ex-Administradores da Linhas Aéreas de Moçambique detidos por sobrefacturação e desvio de milhões de Meticais
O antigo
Presidente do Conselho Executivo das Linhas Aéreas de Moçambique (LAM), António
Pinto, e o seu então Administrador Financeiro, Hélder Júlio da Silva Fumo,
foram detidos nesta terça-feira (22) pelo Gabinete Central de Combate a
Corrupção. O @Verdade apurou que a sobrefacturação na aquisição de bens e serviços
e desvio de milhões de Meticais são alguns dos alguns actos de gestão danosa
que terão motivado o processo-crime que está a correr na Sétima Secção Criminal
do Tribunal da Cidade de Maputo.
Os detidos foram
membros do Conselho de Administração da companhia aérea de bandeira moçambicana
até serem demitidos em Julho de 2018 depois de deixarem em terra o
primeiro-ministro, Carlos Agostinho do Rosário, que tinha viagem marcada para a
cidade de Lichinga no corolário de semanas de voos reprogramados e cancelados
devido à falta de dinheiro para pagar o abastecimento de combustível das suas
aeronaves.
António Pinto e
Hélder Fumo, durante os cerca de 2 anos e meio em que administraram as
LAM, agudizaram a situação de falência técnica que a empresa se encontrava desde
2015 com inúmeros actos de má gestão e muita delapidação denunciados pelo
@Verdade.
O aluguer de
aeronaves na África do Sul, a um preço muito acima dos que são praticados no
mercado africano, era um dos esquemas de delapidação dos gestores.
O @Verdade apurou
que a amortização de uma dívida passada de vários milhões de rands relativa ao
aluguer de aeronaves junto de um fornecedor sul-africano foi renegociada pela
dupla de gestores para que passasse a incluir uma comissão de quase um milhão
de rands à seu favor.
A compra de peças
para reposição era outra fonte de sobrefacturação de António Pinto e Hélder
Fumo que apesar da diversidade de ofertas a nível mundial tinham preferência
por um fornecedor em particular que na realidade era uma intermediário com
preços muito mais elevados do que os fabricantes Embraer ou Boeing.
A gestão danosa
das Linhas Aéreas de Moçambique era praticada também usando a subsidiaria
Moçambique Expresso (MEX), o @Verdade sabe que os custos operacionais da MEX
são pagos pelas LAM mas as suas receitas não retornam à empresa mãe.
Contrato de
Marketing e Comunicação custa 50 mil dólares mensais
O @Verdade apurou
que as receitas geradas pelo aluguer dos hangares das LAM também não entravam
para os cofres da companhia aérea de bandeira moçambicana. Além disso cada
caixa de papel onde eram introduzidas as refeições leves que as Linhas Aéreas
de Moçambique serviam aos seus passageiros foram adquiridas por cerca de 10
dólares norte-americanos a unidade, muito mais do que o custo da sandes e do
sumo que habitualmente é servido das viagens que duram mais do que 1 hora de
voo.
É ainda arguida
no processo em que foram detidos António Pinto e Hélder Fumo a cidadã Sheila
Raimbox Mia Temporário por ser a representante de uma agência de Marketing e
Comunicação denominada Executive Moçambique.
Criada em 2014 a
Executive Moçambique tem um contrato de Marketing e Comunicação que o @Verdade
apurou custar todos os meses aproximadamente 50 mil dólares norte-americanos às
Linhas Aéreas de Moçambique e que se resume a editar apenas a revista de bordo
que é bi-mensal.
Estranhamente,
mais de um ano após a demissão de António Pinto e Hélder Fumo, a nova
direcção-geral das LAM mantém o contrato Marketing e Comunicação e vários dos
contratos sobrefacturados de aluguer de aeronaves.
Há cerca de 2
meses o @Verdade solicitou às Linhas Aéreas de Moçambique o seu Relatório e
Contas relativo ao exercício de 2018. “Na sequência do seu pedido feito, por
carta, para obter as demonstrações financeiras referentes ao ano 2018, temos a
comunicar que decorrem os procedimentos internos para o fecho do Relatório e Contas,
onde estarão reflectidas as demonstrações financeiras do exercício de 2018. Não
estando concluído o Relatório e Contas, ficamos impossibilitados de facultar os
dados solicitados”, respondeu a assessoria de imprensa das LAM.
As Linhas Aéreas
de Moçambique estão em falência técnica desde 2015, no fecho do exercício
económico de 2017 acumulava dívidas correntes com fornecedores, nacionais e
estrangeiros, de 6.326.771.933 meticais e outros 1.808.010.084 com bancos.
O @Verdade apurou
que durante o ano de 2018 as LAM foram
incapazes de amortizar um único metical da dívida que acumulam a vários anos relativas as
taxas de aterragem e de passageiros que passou de 2,6 biliões em 2017 para 3,4
biliões no ano passado.
@VERDADE - 23.10.2019
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