Sandura acusado de ter criado e recrutado jovens para a Junta Militar


SERNIC fala de fortes indícios da ligação entre o grupo Nyongo e o antigo deputado da Renamo
O antigo deputado da Renamo, Sandura Ambrósio, foi detido na segunda-feira pelas autoridades policiais em cumprimento de um mandado judicial. A detenção do antigo quadro da Renamo, que para a votação de 15 de Outubro não conseguiu renovar o mandato de deputado da Assembleia da República pelo Movimento Democrático de Moçambique, ocorreu horas depois do empossamento do novo parlamento.
Ou seja, as autoridades de administração da justiça na província de Sofala já tinham todo o expediente preparado e logo depois da confirmação da perda de mandato e também perda de imunidade parlamentar, o mandado foi executado.
A detenção, segundo explicou o chefe de departamento de investigação e instrução criminal em Sofala, Mário Tamele, está relacionada com a participação do acusado em acções preparatórias que culminaram com a criação da auto-proclamada Junta Militar da Renamo. Aliás Tamele, diz que a investigação levada a cabo aponta que Sandura Ambrósio, não só participou no processo de criação do grupo que tem estado a atacar alvos civis e militares na zona centro do país, mas também no recrutamento e até participação em alguns ataques que têm lugar desde Agosto do ano passado no centro do país.
De forma objectiva, explicou o responsável pela investigação em Sofala, o actual membro do Movimento Democrático de Moçambique é acusado de conspiração nas acções movidas pela Junta Militar da Renamo, liderada por Mariano Nhongo.
A 21 de Novembro de 2019, a PRM, deteve seis indivíduos em Quelimane, na Zambézia, que perante a imprensa confessaram que estavam ao serviço de Mariano Nyongo, tendo como missão recrutar jovens para treinos militares, reactivação de bases e lançar ataques a pessoas e bens. Os detidos declararam que a Junta Militar conta com o apoio de Manuel Bissopo, antigo secretário-geral da Renamo e deputado da Assembleia da República; António Muchanga, deputado; Elias Dhlakama, irmão do falecido líder da Renamo, Afonso Dhlakama; Sandura Ambrósio, ex-deputado e antigo delegado da Renamo na cidade da Beira e de Ivone Soares, ex-chefe da bancada parlamentar na Assembleia da República.
Em consequência das acusações, a Procuradora Geral da República ouviu, em sede de interrogatório, os deputados Ivone Soares, José Manteigas e António Muchanga. Manuel Bissopo, que completa a lista dos quatro, submeteu um requerimento à PGR para que fosse auscultado na cidade da Beira onde reside, o que não aconteceu até ao momento. Estranhamente no grupo dos notificados pela PGR não constava os nomes de Sandura Ambrósio e de Elias Dhlakama.

Aliás, até ao momento, o deputado Elias Dhlakama ainda não foi notificado pela PGR para prestar declarações. Em sede do processo número 1621/2019, todos deputados ouvidos negaram a sua ligação com a Junta Militar da Renamo. Na mesma senda, no passado dia 8 de Janeiro, a PRM anunciou a captura de seis supostos guerrilheiros da autoproclamada Junta Militar da Renamo em duas operações, nos distritos de Nhamatanda e Gorongosa, na província de Sofala.
Segundo a PRM, na primeira operação, foram detidos cinco integrantes, entre eles um membro da Assembleia Municipal da Renamo e presidente da Liga Juvenil do partido no distrito de Marromeu, ao desembarcar na estação ferroviária de Dondo, quando o grupo pretendia fazer uma ligação para Macorococho, no interior de Nhamatanda, onde está implantado o campo de treino militar da Junta Militar da Renamo.
Um dos integrantes foi alvejado durante a operação de captura e encontra-se hospitalizado na Beira, enquanto os restantes quatro estão no comando provincial da PRM, de Sofala. Segundo a PRM estes indivíduos têm vindo a protagonizar várias acções de alteração da ordem e segurança pública, nas províncias de Manica e Sofala, que tem haver com saques, homicídios, incêndios (de viaturas) e outras nas principais rodovias (a EN1 e EN6).
MEDIAFAX – 17.01.2020

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