Grupo armado recebeu apoio de meios e de pessoal - Investigador
O investigador
auxiliar no Instituto de Ciências Sociais Paulo Granjo considerou hoje à Lusa
que os ataques no norte de Moçambique entraram numa nova fase, com um reforço
de meios e de pessoal deste grupo armado.
"Com o ataque a Mocímboa da Praia, na segunda-feira, entrámos numa nova fase, porque tudo indica que, neste momento, para além de terem em todos os ataques acumulado grandes quantidades de armamento, houve algum tipo de reforço de efetivos e de meios a partir do exterior", disse Paulo Granjo.
Em entrevista à Lusa a propósito dos ataques desta semana em Mocímboa da Praia e em Quissanga, este antropólogo social que estuda Moçambique há décadas considerou que "há uma mudança completa relativamente ao que se estava a passar" desde 2017.
Até à semana passada, estes homens armados "estavam a garantir a subsistência e alimentação, com ataques a populações isoladas e indefesas, mas esta terceira fase indica fortemente que obtiveram reforços de meios e de pessoal, agora já não de Moçambique, mas a partir do exterior, e que estarão já com as condições para demonstrar poderio bélico para confrontar as forças policiais e armadas e reivindicar algum controlo sobre o território", apontou o investigador.
Depois de nos dois primeiros momentos os confrontos terem sido primeiro contra as forças policiais, e depois contra pequenos aglomerados populacionais, nesta terceira fase do conflito nota-se que o objetivo já não é só garantir condições de subsistência do grupo.
"Em Quissanga, que já é um distrito a mais de 100 quilómetros de Mocímboa da Praia, já não houve, pelos relatos existentes, ataques diretos à população, embora tenha havido a morte de alguns populares", diz Paulo Granjo.
Os homens armados, que partilharam fotos com a bandeira do Estado Islâmico, mandaram as pessoas ou para as mesquitas ou para a praia "e houve um ataque direto aos quartéis de polícia, tentaram rebentar com os cofres das agências dos bancos e cortaram a ligação de fibra ótica com o resto do país".
Para o investigadot, isto "mostra que entraram numa fase diferente em que há ataques a forças do Estado e não represálias e roubos à população, e aparentemente houve uma afirmação da capacidade de ocupar vilas e de tornar inoperacionais as forças do Estado, embora com comportamentos de guerrilha, e com um novo patamar de confronto".
Questionado sobre se a falta de controlo das forças policiais mostra um 'Estado falhado', o investigador considerou que não, argumentando que o comportamento de guerrilha é eficaz e é precisamente por isso que tem sido usado ao longo dos séculos.
"Com o ataque a Mocímboa da Praia, na segunda-feira, entrámos numa nova fase, porque tudo indica que, neste momento, para além de terem em todos os ataques acumulado grandes quantidades de armamento, houve algum tipo de reforço de efetivos e de meios a partir do exterior", disse Paulo Granjo.
Em entrevista à Lusa a propósito dos ataques desta semana em Mocímboa da Praia e em Quissanga, este antropólogo social que estuda Moçambique há décadas considerou que "há uma mudança completa relativamente ao que se estava a passar" desde 2017.
Até à semana passada, estes homens armados "estavam a garantir a subsistência e alimentação, com ataques a populações isoladas e indefesas, mas esta terceira fase indica fortemente que obtiveram reforços de meios e de pessoal, agora já não de Moçambique, mas a partir do exterior, e que estarão já com as condições para demonstrar poderio bélico para confrontar as forças policiais e armadas e reivindicar algum controlo sobre o território", apontou o investigador.
Depois de nos dois primeiros momentos os confrontos terem sido primeiro contra as forças policiais, e depois contra pequenos aglomerados populacionais, nesta terceira fase do conflito nota-se que o objetivo já não é só garantir condições de subsistência do grupo.
"Em Quissanga, que já é um distrito a mais de 100 quilómetros de Mocímboa da Praia, já não houve, pelos relatos existentes, ataques diretos à população, embora tenha havido a morte de alguns populares", diz Paulo Granjo.
Os homens armados, que partilharam fotos com a bandeira do Estado Islâmico, mandaram as pessoas ou para as mesquitas ou para a praia "e houve um ataque direto aos quartéis de polícia, tentaram rebentar com os cofres das agências dos bancos e cortaram a ligação de fibra ótica com o resto do país".
Para o investigadot, isto "mostra que entraram numa fase diferente em que há ataques a forças do Estado e não represálias e roubos à população, e aparentemente houve uma afirmação da capacidade de ocupar vilas e de tornar inoperacionais as forças do Estado, embora com comportamentos de guerrilha, e com um novo patamar de confronto".
Questionado sobre se a falta de controlo das forças policiais mostra um 'Estado falhado', o investigador considerou que não, argumentando que o comportamento de guerrilha é eficaz e é precisamente por isso que tem sido usado ao longo dos séculos.
Paulo Granjo,
doutorado em Antropologia Social em 2001, iniciou a atividade docente em 1999,
como professor visitante na Universidade Eduardo Mondlane (UEM), onde até 2006
contribuiu para a formação da atual geração de antropólogos moçambicanos, de
acordo com a informação na página do ICS, que dá conta ainda de que académico é
Membro do Conselho Científico e da Comissão de Estudos Pós-graduados do
ICS-ULisboa e Sócio Honorário por Mérito da AMETRAMO (Associação de Médicos
Tradicionais de Moçambique) e Pesquisador Correspondente do Centro de Estudos
Africanos da UEM.
A província de Cabo Delgado tem sido alvo de ataques de grupos armados que organizações internacionais classificam como uma ameaça terrorista e que em dois anos e meio já fizeram, pelo menos, 350 mortos, além de 156.400 pessoas afetadas com perda de bens ou obrigadas a abandonar casa e terras em busca de locais seguros.
LUSA – 29.03.2020
A província de Cabo Delgado tem sido alvo de ataques de grupos armados que organizações internacionais classificam como uma ameaça terrorista e que em dois anos e meio já fizeram, pelo menos, 350 mortos, além de 156.400 pessoas afetadas com perda de bens ou obrigadas a abandonar casa e terras em busca de locais seguros.
LUSA – 29.03.2020
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