Moçambique/Dívidas: Decisão sobre nulidade das dívidas dificulta acesso aos mercados
A consultora
Economist Intelligence Unit (EIU) considerou hoje que a decisão do Conselho
Constitucional relativamente à nulidade das dívidas da MAM e ProIndicus
dificulta o acesso de Moçambique e da ENH aos mercados financeiros
internacionais.
“A decisão
pode complicar o acesso de Moçambique a financiamento externo”, escrevem os
peritos da unidade de análise económica da revista britânica The Economist.
Num comentário
à recente decisão do Conselho Constitucional sobre a nulidade dos empréstimos
contraídos pelas empresas públicas Mozambique Asset Management e ProIndicus,
enviado aos clientes e a que a Lusa teve acesso, os analistas dizem que “a
decisão judicial declara nulos os empréstimos organizados pelo Credit Suisse e
pelo VTB, e pode dar mais peso aos esforços do governo para desafiar a validade
das garantias estatais dadas aos empréstimos”.
O Governo tem
afirmado que o Estado só vai pagar parte dos empréstimos, e o restante será da
responsabilidade das empresas, lembram os analistas da Economist, acrescentando
que “o Credit Suisse e o VTB têm argumentado que o governo moçambicano é
responsável pelos pagamentos”.
Para a unidade
de análise da Economist, o endividamento de 1,5 mil milhões de dólares para
financiar a participação de 15% da Empresa Nacional de Hidrocarbonetos na Área
1 pode ser, assim, mais difícil, mas “o recente colapso na atividade económica
e na confiança dos investidores deve adiar estes esforços”.
O Conselho
Constitucional de Moçambique considerou nulos todos os atos relativos aos
empréstimos contraídos pelo Estado para as empresas Proindicus e MAM, segundo
um acórdão divulgado a 12 de maio, relacionado com o caso das dívidas ocultas.
“O Conselho
Constitucional declara a nulidade dos atos relativos aos empréstimos contraídos
pelas empresas Proindicus e Mozambique Asset Management (MAM) e das garantias
soberanas conferidas pelo Governo, em 2013 e 2014, respetivamente, com todas as
consequências legais”, lê-se no documento.
A decisão é
idêntica à que já havia sido tomada em junho de 2019 quando o órgão foi chamado
a deliberar sobre o empréstimo à Ematum.
No conjunto,
as verbas usadas em nome das três empresas públicas moçambicanas (Ematum, MAM e
Proindicus) totalizam os 2,2 mil milhões de dólares do escândalo das dívidas
ocultas, ainda sob investigação judicial – e com EUA e Moçambique a disputar na
África do Sul a extradição do antigo ministro das Finanças Manuel Chang.
LUSA – 25.05.2020
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