Associação Moçambicana de Polícias pede esclarecimentos sobre guardas mortos há um ano
Maputo, 26 jun
2020 (Lusa) - A Associação Moçambicana de Polícias (Amopaip) pediu hoje
esclarecimentos sobre a morte de dois guardas fronteiriços, alvejados por
colegas sul-africanos, há um ano, classificando como “relaxamento" a falta
de informações sobre o caso.
“Não há só
negligência, mas também relaxamento das duas partes. Não faz sentido que até
hoje não haja esclarecimento: são vidas humanas que foram tiradas, nada
justifica a demora”, disse Nazário Muanambane, presidente da Amopaip, em
declarações à Lusa.
Em causa está a
morte, a 16 de junho de 2019, de dois guardas fronteiriços, após um incidente
com militares sul-africanos, que, de acordo com Maputo, teriam invadido o
território moçambicano na zona da Ponta do Ouro.
“Os militares
sul-africanos usaram a bala para silenciar os nossos colegas”, disse, na
altura, Bernardino Rafael, comandante-geral da Polícia da República de
Moçambique (PRM) falando em Maputo nas cerimónias fúnebres de um dos agentes
baleados.
Para a Amopaip, o
facto de as autoridades moçambicanas não se terem pronunciado sobre os
contornos do caso, quando já passou um ano após o incidente, denota alguma
“fragilidade e falta de interesse” dos dois países em esclarecer o caso.
A associação diz
tratar-se de um problema de “dois estados” e, por isso, cabe a ambos procurar
respostas e garantir que o caso não se repita nas fronteiras entre Moçambique e
África do Sul.
“Caso não se
tenham encontrado as reais motivações e as pessoas envolvidas, o Estado
sul-africano devia ser responsabilizado pelos atos”, acrescentou Nazário.
O presidente da
Amopaip acrescentou que todos as declarações oficiais até ao momento “não
passaram de comentários e nunca trouxeram um desfecho”.
Contactado pela
Lusa, o porta-voz do Comando Geral da Polícia da República de Moçambique (PRM),
Orlando Modumane, afirmou que “ainda decorrem investigações ao caso”.
“Não há
informação que se possa partilhar sobre esse assunto. Ainda estão a decorrer as
investigações e não há nada para avançar”, declarou Modumane.
Por sua vez, o
porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros e Cooperação de Moçambique,
Geraldo Saranga, em contacto com a Lusa, remeteu o assunto para as autoridades
policiais.
Os corpos dos
dois agentes da polícia moçambicana foram encontrados na fronteira entre Moçambique
e África do Sul, na Ponta do Ouro, do lado moçambicano, província de Maputo,
sul do país.
O então ministro
dos Negócios Estrangeiros e Cooperação de Moçambique, José Pacheco, disse haver
uma equipa conjunta a investigar o caso, acrescentando que a ideia era
"fazer com que este incidente não crie mal-estar nas relações entre
Moçambique e África do Sul”.
LFO // JH
Lusa/Fim
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