Enviado de Guterres a Moçambique diz que fracassaram negociações com líder dissidente da Renamo
"Mariano
Nhongo é inflexível e todas as aproximações com vista a um entendimento
fracassaram", disse Mirko Manzoni, falando hoje em entrevista ao jornal
"O País".
Em causa estão os
ataques no centro do país atribuídos a um grupo liderado por Mariano Nhongo,
antigo líder de guerrilha da Renamo, que exige melhores condições de
reintegração e a demissão do atual presidente do partido, Ossufo Momade,
acusando-o de ter desviado o processo negocial dos ideais do seu antecessor,
Afonso Dhlakama, líder histórico que morreu em maio de 2018.
Para o enviado pessoal
de António Guterres, as reivindicações de Mariano Nhongo são políticas e não
têm enquadramento no processo de desmilitarização, desarmamento e reintegração
(DDR) do braço armado do principal partido de oposição, no âmbito dos acordos
de paz assinados em agosto do ano passado.
"Não é
verdade que o presidente da Renamo não quis falar com Mariano Nhongo. Todos
falaram com o senhor Nhongo e agora o problema está do lado dele", frisou
Mirko Manzoni.
Os ataques
armados no centro de Moçambique têm afetado Manica e Sofala e já provocaram a
morte de, pelo menos, 24 pessoas desde agosto do ano passado, em estradas e
povoações das duas províncias.
Apesar de ameaças
e incursões atribuídas ao grupo de Nhongo, o processo do desarmamento do braço
armado do principal partido de oposição previsto no acordo de 06 de agosto do
ano passado continua.
O acordo de paz
foi assinado pelo chefe de Estado moçambicano, Filipe Nyusi, e pelo presidente
da Renamo, consolidando o cessar-fogo no conflito entre as partes que persistiu
até 2016 nalguns distritos do centro do país.
Em 03 de dezembro
do ano passado, 10 oficiais da Renamo passaram a incorporar as fileiras do
Comando-Geral da polícia moçambicana, no âmbito do processo de pacificação.
No sábado, o
Governo moçambicano, a Renamo e o grupo de contacto para a paz oficializaram o
primeiro encerramento de uma base militar do principal partido da oposição.
Pelo menos 38
ex-guerrilheiros da Renamo em Sofala entregaram as armas, num processo de
desmobilização que será feito por fases, devido às medidas de prevenção contra
a pandemia de covid-19
Prevê-se que
5.000 ex-guerrilheiros sejam abrangidos com medidas que lhes permitam uma
reintegração na sociedade.
EYAC // JH
Lusa/Fim
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