Governo sul-africano em impasse quanto a extradição de Manuel Chang
Caso poderá ser levado ao Tribunal Constitucional sul-africano
O advogado do antigo ministro das finanças de Moçambique, Manuel Chang,
detido na África do Sul há mais de dois anos não comentou notícias de que
poderá em breve levar o caso ao Tribunal Constitucional como última medida para
uma decisão sobre a extradição do antigo ministro.
Segundo informações a circularem em círculos governamentais e judiciais na
África do Sul receia-se que os advogados de Chang levem agora o caso ao
Tribunal Constitucional sul-africano para exigir a libertação do seu cliente
detido em Dezembro de 2018 e cujo caso se arrasta desde então sem qualquer
solução à vista.
O advogado sul-africano de Chang, Rudi Krause, não respondeu a dois pedidos
da VOA para comentar a actual situação do seu cliente e também sobre a
possibilidade de levar o caso ao Tribunal Constitucional mas em Outubro do ano
passado tinha dito ser “chocante”que o ministro da Justiça não tinha até essa
data tomado qualquer decisão.
Chang foi preso a pedido dos Estados Unidos
Manuel Chang foi preso na África do Sul em dezembro de 2018 a pedido das
autoridades americanas que o querem julgar pelo seu envolvimento no chamado
caso das “dívidas ocultas” em que o Estado moçambicano perdeu cerca de dois mil
milhões de dólares num negócio no qual alegadamente Chang teria sido subornado.
Os pagamentos teriam sido feitos através de bancos americanos em violação
das leis dos Estados Unidos, o que levou a justiça americana a sair no encalce
do antigo ministro e seus colaboradores.
O Estado mocambicano e o próprio Chang opuseram-se à extradição para os
Estados Unidos e, segundo o Centro de Interidade Pública (CIP), o Governo de
Maputo gastou mais de milhão e 500 mil dólares em advogados para tentar impedir
a extradição de Chang para os Estados Unidos.
Em 2019 , após uma longa batalha legal, o tribunal distrital de Kempton
Park sentenciou que Manuel Chang era extraditável e o então ministro da Justiça
e Serviços Correcionais da África do Sul, Michael Masutha, decidiu pela sua
extradição para Moçambique, dias antes de deixar o Governo.
Após a posse de um novo Executivo, em julho o novo ministro da pasta,
Ronald Lamola, revogou a decisão do seu antecessor e pediu ao Tribunal Supremo
de Joanesburgo a revisão da decisão.
O tribunal devolveu o caso ao ministro Lamola para decisão final, o que até
agora ainda não aconteceu aparentemente devido a fortes divisões dentro do
govenro sul –africano sobre a questão envolvendo Lamola e diplomatas
sul-africanos com ligações a Moçambique
Moçambique acusa formalmente Chang
No que foi visto por alguns analistas como uma medida para facilitar uma
decisão de extradição a seu favor em Novembro do ano passsado as autoridades
judiciais de Moçambique entraram com um processo provisório de apropriação
indevida, lavagem de dinheiro e abuso de poder, contra Manuel Chang por mais de
2 mil milhões de dólares em dívidas contraídas pelo Estado durante a sua
gestão.
O jurista moçambicano José Machicame disse na altura que , "este novo
desenvolvimento na justiça moçambicana, certamente, não passou despercebido ao
ministro sul-africano da Justiça e Assuntos Correcionais, porque a corrente
contra a extradição de Manuel Chang era que ele podia ser extraditado sem a
certeza sobre o estatuto criminal dele cá em Moçambique".
As autoridades moçambicanas abandonaram também ao mesmo tempo inici ativas
judiciais na África do Sul deixando assim que a decisão esteja inteiramente nas
mãos do ministro da justiça sul –africana.
As autoridades sul-africanas e o ministro da justiça mantêm contudo o
silêncio em algo que face ao arrstamento do caso sem solução à vista poderá
acabar no Tribunal Constitucional chamado a decidir sobre a legalidade da
detenção sem fim de Manuel Chang.
VOA – 24.04.2021
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