Renamo endurece o tom e diz à Frelimo que a sua desmilitarização é assunto à parte
A
bancada parlamentar da Renamo vincou, na quarta-feira (18), durante o
plenário, que o partido-Estado deve compreender que o dossiê sobre as
questões militares e a lei eleitoral são assuntos diferentes, discutidos
em separado e em fóruns igualmente distintos.
O
deputado António Muchanga começou por considerar que a revisão pontual
da Constituição criou, entre vários ganhos, uma oportunidade de redução
de custos que acarreta a preparação de processos eleitorais, quer para
os órgãos de gestão, quer para os concorrentes, pois o novo ordenamento
jurídico impõe que os órgãos da assembleia autárquica e do conselho
autárquico sejam eleitos num único sufrágio.
De
seguida, Muchanga disse, alto e bom tom, que o seu partido lamenta,
porém, que os “mal intencionados ou entendido [em alusão à Frelimo e ao
seu presidente, que é também Chefe do Estado] tenham condicionado” a
aprovação da lei eleitoral na sessão extraordinária que estava prevista
para 21 e 22 de Junho passado, porque se “queria ouvir alguma coisa
sobre a desmilitarização”.
Na
sua alocução, o parlamentar corroborou a posição da sua chefe de
bancada, manifestada após o adiamento do encontro a que nos referimos,
segundo a qual os assuntos militares nunca tinham sido mencionados como
condicionante para a aprovação da nova legislação eleitoral, pois “estão
a ser debatidos em sede própria e com os termos de referência aprovados
por consenso” pelo Presidente da República, Filipe Nyusi, e pelo
falecido líder Afonso Dhlakama.
Quem
também não ficou indiferente ao assunto da actualidade, no que à busca
da paz efectiva diz respeito, foi Saimone Macuiane, ex-chefe da
delegação da Renamo, nas fracassadas negociações que culminaram com a
assinatura, em Setembro de 2014, do Acordo sobre a Cessão das
Hostilidades Militares, entre o então Chefe do Estado, Armando Guebuza, e
Afonso Dhlakama.
“Não
estamos a tratar, em simultâneo, assuntos militares e a lei eleitoral.
Não se pode confundir assuntos distintos e em tempos distintos”,
afirmou.
Refira-se
que, a 25 de Junho, aquando da celebração do 43o. aniversário da
independência nacional, o Presidente da República alertou à Renamo que
“não há alternativa ao desarmamento, desmobilização e reinserção (...)”.
Ele salientou ainda que as eleições autárquicas, agendadas para 10 de Outubro deste ano, devem decorrer num ambiente de paz (...).in A VERDADE
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