CHANG pede que seja o ministro da justiça a decidir*
11 mar (Lusa) - O antigo ministro das Finanças de Moçambique entregou hoje um requerimento no tribunal para que seja o ministro da Justiça sul-africano a decidir sobre qual dos dois pedidos da sua extradição deve ser analisado primeiro.
O requerimento
entregue por Manuel Chang no tribunal de Joanesburgo, onde estão a ser
analisados os dois pedidos de extradição, pelos Estados Unidos e por
Moçambique, para responder no caso das dívidas ocultas, faz com que a
decisão do juiz seja adiada para dia 18 de março.
Na quinta-feira passada, o juiz havia decidido que o tribunal apreciaria hoje os méritos do pedido dos EUA.
Os
advogados de defesa do ex-governante moçambicano invocaram o artigo
15.º do tratado de extradição entre a África do Sul e os Estados Unidos,
e ainda o artigo 11.º do protocolo de extradição da SADC (Comunidadade
de Desenvolvimento da África Austral) para fundamentar o pedido para que
seja o ministro da Justiça e Serviços Prisionais da África do Sul,
Tshililo Michael Masutha, a decidir sobre a ordem de análise dos pedidos
de extradição concorrenciais apresentados pelos EUA e Moçambique.
O
Estado terá de responder até ao dia 13 de Março, nomeando para o efeito
um advogado para argumentar a sua defesa no dia 18 de março, disse o
procurador do Ministério Público, o advogado Johan du Toit, ao confirmar
a receção do requerimento de Manuel Chang.
"Devido
às provisões nestes tratados, o juiz magistrado não pode ouvir nesta
altura o caso porque não está autorizado a fazê-lo à luz dos tratados. O
ministro deve primeiro eleger o pedido que deve merecer preferência em
termos dos tratados, é óbvio", afirmou à Lusa o advogado sul-africano
Rudi Krause, após o adiamento pelo juiz.
A
ação submetida pela defesa de Manuel Chang, contida num documento de 68
páginas, obrigou ao adiamento imediato da sessão de hoje, que durou
pouco mais mais dez minutos, pelo juiz William Schutte.
No
documento, a que a agência Lusa teve acesso, os advogados do
ex-governante moçambicano e atual deputado da Assembleia da República,
requerem ainda que Manuel Chang "seja aliviado" do seu encarceramento.
O
deputado e antigo ministro das Finanças Manuel Chang encontra-se detido
na África do Sul desde 29 de dezembro de 2018 à luz de um mandado
internacional emitido pela justiça dos Estados Unidos, que pede a sua
extradição, no âmbito da sua investigação às dívidas ocultas em
Moçambique.
Manuel Chang, 63 anos, é membro
do Comité Central do partido Frente de Libertação de Moçambique
(Frelimo), no poder desde 1975, e goza de imunidade em Moçambique por
ser deputado na Assembleia da República.
Chang
foi vice-ministro do Plano e Finanças entre 2000 e 2004, no executivo
de Joaquim Chissano e ministro das Finanças nos dez anos do Governo de
Armando Emílio Guebuza entre 2005 e 2015.
De
acordo com a acusação norte-americana, Manuel Chang recebeu
alegadamente milhões de dólares em subornos em troca de dívidas
secretamente contraídas pelo Estado moçambicano, sem o conhecimento do
parlamento, entre 2013 e 2014, de mais de dois mil milhões de dólares a
favor de três empresas públicas (Ematum, Proindicus e MAM) criadas para o
efeito em Moçambique.
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