Recenseamento eleitoral: Frelimo manda Renamo vender biscoitinhos
A Resistência
Nacional Moçambicana (Renamo) acusou hoje o Governo da Frelimo, partido no
poder, de estar organizar "manobras dilatórias" no recenseamento para
vencer as eleições gerais, exigindo a demissão do diretor-geral do Secretariado
Técnico da Administração Eleitoral (STAE).
"Fica claro
que ao organizar estes esquemas fraudulentos, a Frelimo [Frente de Libertação
de Moçambique] pretende perpetuar-se no poder de forma ilícita e
ilegitima", declarou Ossufo Momade, presidente da Renamo, durante uma
teleconferência a partir da serra da Gorongosa, centro de Moçambique.
Para a Renamo, o
recenseamento eleitoral, que termina na quinta-feira, foi marcado por
irregularidades e, consequentemente, devia ter o seu prazo prorrogado, uma
alternativa descartada pelos órgãos eleitorais.
Entre as
irregularidades, o principal partido de oposição em Moçambique destaca o
"inicio tardio deliberado" do recenseamento eleitoral com maior
incidência nas províncias do centro e norte do país, zonas de forte influência
da Renamo.
"Houve
também promoção criminosa de dupla inscrição de funcionários públicos,
sobretudo professores e enfermeiros, através de manipulação e chantagem,
alegadamente para manterem seus empregos", acrescentou Ossufo Momade.
Para o presidente
da Renamo, as alegadas irregularidades colocam em causa o "direito
legítimo e constitucional que assiste aos moçambicanos de serem eleitos e
elegerem os seus representantes".
A Renamo exige
ainda a demissão imediata do diretor-geral do STAE, Felisberto Naife, por não
estar a "defender os interesses mais nobres" dos moçambicanos.
Contactado pela
Lusa, o porta-voz do STAE, Cláudio Langa, afastou a possibilidade de uma
prorrogação do prazo do recenseamento eleitoral, considerando que isso poderia
baralhar o calendário eleitoral.
"Os órgãos
eleitorais não estão a cogitar prolongar o prazo porque isso, além de baralhar
o calendário eleitoral, envolve outros custos", afirmou o porta-voz do
STAE, que preferiu não comentar sobre os alegados casos de irregularidades
denunciados pela Renamo por falta de informações.
As eleições
gerais - legislativas, presidenciais e provinciais - estão marcadas para 15 de
outubro, marcando assim o término do ciclo eleitoral 2018/2019, que começou com
as eleições autárquicas a 10 de outubro do ano passado.
Os órgãos
eleitorais moçambicanos preveem recensear sete milhões de eleitores e, até o 26
de maio, segundo dados oficias, o STAE tinha recenseado 73 % da meta prevista.
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