Moro pede investigação a presidente da Ordem dos Advogados do Brasil após críticas
O ministro da
Justiça brasileiro, Sérgio Moro, pediu na quinta-feira à Procuradoria-Geral da
República (PGR) a abertura de uma investigação ao presidente da Ordem dos
Advogados do país, por este ter criticado a conduta do governante.
No documento,
divulgado pelo jornal Estadão, Moro destacou as declarações que o presidente da
OAB, Felipe Santa Cruz, cedeu ao jornal Folha de S. Paulo, no final de julho,
em que afirmou que o ministro “usa o cargo, aniquila a independência da Polícia
Federal e ainda 'aparenta ser' o chefe de quadrilha ao dizer que sabe das
conversas de autoridades que não são investigadas”, referindo-se ao caso das
mensagens divulgadas pelo ‘site’ The Intercept Brasil.
"Atribuir
falsamente ao ministro da Justiça e Segurança Pública a condição de chefe de
quadrilha configura em tese o crime de calúnia do art. 138.º do Código Penal.
Ainda afirma que o subscritor teria tido acesso a mensagens de autoridades
vítimas de pirataria cibernética, facto que não é verdadeiro, o que também pode
configurar crime contra a honra, como difamação”, escreveu Moro, no documento
enviado à PGR do Brasil, Raquel Dodge.
O antigo juiz da
Operação Lava Jato disse ainda que "a conduta do ofensor reúne elementos
aptos ao enquadramento nos tipos penais de calúnia, injúria e difamação”.
Sérgio Moro e
procuradores da Operação Lava Jato estão envolvidos num escândalo, conhecido
como "Vaza Jato", que começou em 09 de junho, quando o 'site' The
Intercept Brasil e outros ‘media’ parceiros começaram a divulgar reportagens
que colocam em causa a imparcialidade da maior operação contra a corrupção no
país.
Baseadas em
informações obtidas de uma fonte que não foi identificada, estas reportagens
apontam que Sérgio Moro terá orientado os procuradores da Lava Jato, indicado
linhas de investigação e adiantado decisões enquanto era juiz responsável por
analisar os processos do caso em primeira instância.
Se confirmadas,
as denúncias indicam uma atuação ilegal do antigo magistrado e dos procuradores
brasileiros porque, segundo a legislação do país, os juízes devem manter a
isenção e, portanto, estão proibidos de auxiliar as partes envolvidas nos
processos.
O atual ministro
da Justiça e os procuradores da Lava Jato, por seu turno, negam ter cometido
irregularidades e fazem críticas às reportagens do The Intercept e seus
parceiros (Folha de S. Paulo, revista Veja, El País e o jornalista Reinaldo
Azevedo), afirmando que são sensacionalistas e usam conversas que podem ter
sido adulteradas e foram obtidas através de crime cibernético.
Após a divulgação
do escândalo, a Ordem dos Advogados pediu o afastamento do cargo do ex-juiz,
considerando que a gravidade dos factos pedia uma "investigação plena,
imparcial e isenta".
O pedido de
investigação levado a cabo por Sérgio Moro foi apresentado à PGR na mesma
semana em que a estatal brasileira Petrobras rescindiu dois contratos com o
escritório de advocacia de Felipe Santa Cruz, sem apresentar qualquer
justificação, segundo o próprio escritório informou num comunicado divulgado à
imprensa local na última quarta-feira.
"A Petrobras
não precisa disso, de dar dinheiro” a uma pessoa da Ordem que “recebe recursos
bilionários e não é auditado por ninguém", afirmou o Presidente do Brasil,
Jair Bolsonaro, à imprensa na quarta-feira.
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