Angola reivindica devolução de 4,7 mi milhões de EUROS aos cofres do Estado
Luanda, 20 dez 2019 (Lusa) - A Procuradoria-Geral da República (PGR)
angolana anunciou hoje que correm nos tribunais 45 processos em que o Estado
angolano reivindica a devolução de 4,1 mil milhões de dólares (4,7 mil milhões
de euros) e 729 mil milhões de kwanzas "ilicitamente" retirados dos
seus cofres.
A informação foi
transmitida hoje pelo Procurador-Geral de Angola, Hélder Pitta Grós, referindo
que durante 2019 a Direção Nacional de Investigação e Ação Penal (DNIAP), órgão
da PGR, remeteu para o Tribunal Supremo 13 processos-crime de "grande
complexidade".
A DNIAP faz a
instrução de processos complexos, "sobretudo os relacionados com crimes de
natureza económico-financeira por entidades que gozam de foro especial",
explicou, referindo que no período o órgão remeteu outros seis processos ao
Tribunal Provincial de Luanda.
Hélder Pitta
Grós, que discursava hoje na cerimónia de cumprimentos de fim de ano do órgão
da magistratura judicial, deu conta igualmente que 170 processos de inquérito
em que se investigam indícios de corrupção e crimes conexos foram instaurados
no decurso deste ano.
No plano de
recuperação de ativos, recordou que foram "efetivamente recuperados"
a favor do Estado angolano um conjunto de valores patrimoniais, entre ações,
bens móveis e imóveis e fábricas avaliados em quase 5 mil milhões de dólares
(4,5 mil milhões de euros).
A PGR angolana
tem já sob o seu controlo 1.635 declarações de bens de gestores e agentes
públicos obrigados a proceder ao seu depósito, nos termos da lei, disse.
O combate à
corrupção, nepotismo e impunidade são os eixos centrais da governação do
Presidente angolano, João Lourenço, fatores que constituíram "prioridades
nas ações e intervenções" da PGR durante 2019.
"A ação da
Procuradoria-Geral da República de Angola visou, sobretudo, o combate à
impunidade a todos os níveis, independentemente da condição social dos visados,
sendo que os crimes económico-financeiros e conexos, a chamada corrupção, constituíram
a prioridade", disse.
Para fazer face a
este "grande desafio", observou, a PGR tem passado por "um
verdadeiro processo de reinvenção, na medida que o fenómeno da corrupção, pela
sua complexidade, requer uma abordagem holística e multissetorial".
Hélder Pitta Grós
reconheceu também a necessidade da melhoria das condições laborais dos
magistrados e técnicos do Ministério Público (MP), afirmando que a instituição
tem gabinetes "sem o mínimo de condições para realizar trabalho com
dignidade".
"Embora seja
uma carência conjuntural, assumimos o compromisso de juntos trabalharmos para a
melhoria gradual e significativa das condições de trabalho da classe",
assegurou.
Pelo menos 121
novos magistrados do MP ingressaram este ano naquele órgão judicial, 299 funcionários
foram promovidos e foram nomeados 70 sub-procuradores-gerais da República que
tomam posse na próxima semana.
*título do blog
DYAS // VM
Lusa/Fim
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