Covid-19: Moçambique quer atrasar pico da doença "por exemplo" até janeiro de 2021
Maputo, 29 mar
2020 (Lusa) – O diretor-geral adjunto do Instituto Nacional de Saúde (INS) de
Moçambique disse hoje que "ganhar tempo" é a prioridade na luta
contra a covid-19, apontando vantagens em atrasar o pico da doença vários
meses, "por exemplo", até janeiro de 2021.
"Atrasando o
pico para janeiro ou fevereiro, o Serviço Nacional de Saúde ganha tempo para
mobilização de recursos, para fortalecimento do sistema, para entender melhor a
epidemia e para que apareça um medicamento" ou "uma vacina",
detalhou Eduardo Samo Gudo.
O diretor-geral
adjunto do INS falava durante a conferência de imprensa diária das autoridades
de saúde moçambicanas sobre a pandemia da doença respiratória, numa altura em
que o país regista oficialmente oito casos, sem mortes e sem casos novos
detetados nas últimas 24 horas.
"O que nós
queremos é reduzir, quebrar a cadeia de transmissão, de maneira a que seja
muito baixa, com vista a evitar que haja um número grande de indivíduos a
padecer da doença num curto espaço de tempo", sublinhou, destacando a
importância das medidas de prevenção, nomeadamente ao nível da higiene pessoal
e distanciamento social.
Ou seja,
imaginando um gráfico do número de infetados, "em vez de acontecer um pico
com centenas de milhares de casos, haver muito menos e atrasar" esse
momento, explicou.
"Em vez de
ocorrer em junho - sem nenhuma medida, pensa-se que ocorreria na maior parte
dos países africanos nessa altura -, a ideia é afastar [o pico] de modo a que
seja mais plano e ocorra, por exemplo, em janeiro ou fevereiro" do próximo
ano e, assim, evitar um "afluxo grande ao sistema nacional de saúde",
prosseguiu.
Ganhar tempo é
importante, referiu Samo Gudo, mesmo do ponto de vista da disponibilização de
medicamentos candidatos a ter sucesso no tratamento.
Prevê-se que em
abril haja resultados preliminares de testes a determinadas substâncias, mas
"a produção em grande escala" de um medicamento pode levar vários
meses e o mesmo pode acontecer com uma vacina, observou.
Segundo Samo
Gudo, Moçambique já eliminou o pior cenário possível de propagação - aquele em
que não haveria medidas de prevenção - ao implementar restrições antes de ter
sido conhecido o primeiro caso oficial.
As medidas
impostas incluíram o fecho das escolas, sendo que a "população estudantil
equivale a 25%" dos 30 milhões de habitantes de Moçambique, sublinhou,
além da suspensão dos vistos de entrada no país e o desaconselhamento de
aglomerações de mais de 50 pessoas.
A implementação
de restrições e a projeção dos respetivos impactos estão a ser feitas com o
acompanhamento de especialistas internacionais, destacou Samo Gudo.
O Presidente
moçambicano, Filipe Nyusi, ficou na sexta-feira com uma porta aberta para impor
mais medidas de prevenção, depois de o Conselho de Estado, órgão consultivo,
ter sugerido que seja declarado estado de emergência face à ameaça de rápida
propagação da covid-19.
"Nós estamos
a fazer o roteiro de um filme, mas os atores somos cada um de nós, cada
moçambicano é um ator para mitigar o impacto do novo coronavírus em
Moçambique", concluiu Samo Gudo.
O novo
coronavírus, responsável pela pandemia de covid-19, já infetou mais de 667 mil
pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 31.000 e pelo menos 134.700
são consideradas curadas.
Depois de surgir
na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a
Organização Mundial da Saúde a declarar uma situação de pandemia.
LFO // SR
Lusa/Fim
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