Novo ministro da Justiça do Brasil promete imparcialidade no combate ao crime
Brasília, 29 abr
2020 (Lusa) - O novo ministro da Justiça e Segurança Pública do Brasil, André
Mendonça, prometeu hoje, na tomada de posse, imparcialidade no combate à
criminalidade e pediu ao Presidente, Jair Bolsonaro, a cobrança de "mais
operações" da Polícia Federal.
"Atuaremos
de forma técnica e imparcial e sempre dispostos a prestar contas, não apenas ao
chefe da nação, como também à população brasileira. [Desde] há 30 anos, [que] o
Presidente Bolsonaro tem sido um profeta no combate à criminalidade. Hoje
assumo o compromisso de lutar pelos ideais de uma vida que o senhor tem
combatido", afirmou André Mendonça, no Palácio do Planalto, em Brasília.
O novo ministro
da Justiça, que substituiu o ex-juiz Sergio Moro, frisou que um de seus
principais compromissos é o combate à corrupção e à criminalidade, assegurando
que pretende uma atuação integrada com estados e municípios.
"Vamos fazer
operações conjuntas. Cobre de nós mais operações na Polícia Federal, Presidente
da República", acrescentou Mendonça, após enumerar os seus compromissos à
frente da Tutela da Justiça.
O Presidente do
Brasil, Jair Bolsonaro, nomeou na terça-feira André Mendonça como novo ministro
da Justiça, após a demissão de Sergio Moro.
Mendonça, um
pastor evangélico, é advogado e trabalha em órgãos públicos desde fevereiro de
2000. Após a posse de Bolsonaro, o novo ministro passou a ocupar o cargo de
advogado-geral da União (AGU), tornando-se no responsável por defender o
Governo em processos judiciais.
O novo ministro
sucede a Moro no cargo após o ex-juiz ter acusado, na sexta-feira, o Presidente
brasileiro de tentar interferir politicamente em investigações da Polícia
Federal, forçando a exoneração do antigo chefe daquele órgão, delegado Maurício
Valeixo, decisão de que o então responsável da Justiça discordou.
A suspeita
levantada pelo ex-ministro da Justiça é de que Bolsonaro tentou interferir na
Polícia Federal para obter informações sobre investigações sigilosas que
envolvem os seus filhos e aliados próximos.
Aquando da
nomeação de Mendonça para ministro da Justiça, o chefe de Estado indicou também
Alexandre Ramagem para ocupar o cargo de diretor-geral da Polícia Federal do
país.
Contudo, a
nomeação de Ramagem foi hoje revogada, após um juiz do Supremo Tribunal Federal
(STF) ter decretado a sua suspensão provisória, avaliando que a indicação
resultava de uma "inobservância aos princípios constitucionais da
impessoalidade, da moralidade e do interesse público".
Na tarde de hoje,
na cerimónia de tomada de posse de Mendonça, Jair Bolsonaro aproveitou para
defender a independência dos poderes, garantindo que vai insistir no nome de
Alexandre Ramagem para a chefia da Polícia Federal.
O chefe de Estado
leu o artigo da Constituição brasileira que diz que os poderes executivo,
legislativo e judiciário são "independentes e harmónicos entre si".
"Respeito o
poder judiciário, respeito as suas decisões, mas nós, com toda a certeza, antes
de tudo, respeitamos a Constituição. (...) Assim me comporto e dirijo esta
nação. Não posso admitir que ninguém ouse desrespeitar ou tente desbotar
[desvirtuar] a nossa Constituição", frisou o chefe de Estado.
Bolsonaro
referiu-se ainda a Alexandre Ramagem como um "homem honrado" e disse
que brevemente a sua nomeação para a direção da Polícia Federal vai
concretizar-se.
"O senhor
Ramagem que tomaria posse hoje foi impedido por uma decisão monocrática de um
ministro do STF. (...) Creio que essa é uma missão honrada para o senhor
Ramagem e eu gostaria de honrá-lo no dia de hoje, dando-lhe posse como
diretor-geral da Polícia Federal. Eu tenho certeza de que esse sonho meu - mais
dele - brevemente se concretizará para o bem da nossa polícia e do nosso
Brasil", afirmou o Presidente.
Ramagem é
delegado da Polícia Federal desde 2005 e já ocupou diversos cargos dentro da
corporação. Em 2018, assumiu a coordenação de segurança da campanha
presidencial de Jair Bolsonaro, tornando-se seu amigo próximo e dos seus
filhos.
MYMM (CYR) // SR
Lusa/Fim
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