Mariano Nhongo, suas exigências e potenciais interesses no conflito em Moçambique
O enviado pessoal
do secretário-geral das Naões Unidas a Moçambique, Mirko Manzoni, disse
existirem grupos de interesse que podem sustentar o líder da auto-proclamada
Junta Militar da Renamo, Mariano Nhongo, razão pela qual tem sido
"inflexível nas suas posições".
Manzoni, falando à televisão privada, STV, afirmou terem
fracassado todas as aproximações com vista a um entendimento, realçando que as
reivindições de Nhongo são políticas e não têm enquadramento no atual processo
de desmilitarização, desmobilização e reintegração dos guerrilheiros da Renamo.
Entretanto, a Junta Militar, segundo João Machava, porta-voz
de Mariano Nhongo, exige melhores condições de reintegração e a demissão do
presidente da Renamo, Ossufo Momade, do secretário-geral, André Magibire, e do
porta-voz-da Renamo, José Manteigas.
“Nós exigimos que essas três personalidades saiam do partido
e se estes indivíduos continuarem na Renamo, nada vai mudar”, reiterou João
Machava.
Por seu lado, o antigo negociador-chefe da Renamo, Raúl
Domingos, considera que esses grupos de interesse podem, de fato, existir “e
podem usar a Junta Militar, e parece-me que o Governo também usou Mariano
Nhongo para fragilizar a Renamo, sobretudo durante o processo eleitoral, mas
agora não deve ter interesse nisso”.
Entretanto, a Renamo, na voz do seu porta-voz, José
Manteigas, diz que Mariano Nhongo deve juntar-se ao processo de
desmilitarização que arrancou há cerca de duas semanas, considerando-o uma
grande oportunidade para a Junta Militar.
Para o diretor do Centro para a Democracia e Desenvolvimento
(CDD), Adriano Nuvunga, a Renamo pode estar a olhar para Mariano Nhongo apenas
“como um apêndice no processo político, o que é grave, porque isso pode fazer
com que a crise se arraste por muito tempo”.
“E o Governo moçambicano também tem uma grande
responsabilidade neste processo”, realçou Muvunga.
VOA – 23.06.2020
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