Patenteamento de ex-guerrilheiros não despartidariza o Estado, diz a Renamo
A Renamo minimiza
o patenteamento, pelo Governo, de alguns dos seus ex-guerrilheiros, que passam
a ocupar altos cargos na polícia moçambicana, visto por analistas como um marco
histórico no processo de pacificação e democratização do país.
Para a Renamo, as
forças de defesa e segurança não devem submeter-se, politicamente, à Frelimo.
Dez
ex-guerrilheiros da Renamo foram promovidos, na semana passada, a várias
patentes da Polícia da República de Moçambique (PRM), no âmbito dos entendimentos
entre o Governo e aquele partido da oposição, sobre a despartidarização do
Estado moçambicano.
"Este é um
sinal de que o processo de Desmilitarização, Desmobilização e Reintegração
(DDR), está bem encaminhado", considerou o analista Egídio Vaz,
acrescentando que o patenteamento "é também um sinal de compromisso da
nova liderança da Renamo para com o DDR".
"Eu vejo com
bons olhos este processo de promoção de antigos guerrilheiros da Renamo a altas
patentes da polícia", afirmou por seu turno, o analista Laurindos
Macuácua, avançando que o acto "constitui um marco histórico no processo
de pacificação e democratização do país".
Contudo, para
Alberto Ferreira, deputado da Assembleia da República pela bancada da Renamo, o
patenteamento "não acrescenta valor ao crescimento institucional em
direcção à construção de um estado de direito."
"Não é pelo
facto de alguns ex-guerrilheiros serem promovidos que as forças de defesa e
segurança vão deixar de se submeter, politicamente, à Frelimo. O que nós
pretendemos é fazer com que Moçambique tenha as suas instituições fortes,"
frisou.
Entretanto, o
analista Calton Cadeado diz concordar com esta observação de Alberto Ferreira
mas, sublinha, no acordo assinado entre o Governo e a Renamo "esse não era
o principal assunto de discussão, a questão fundamental era a despartidarização
do Estado".
Refira-se que na
cerimónia de patenteamento, o Comandante-Geral da Polícia, Bernardino Rafael,
disse aos ex-guerrileiros que "a partir de agora devem obedecer apenas à
lei e às regras fundamentais que regulam a actuação da polícia. Não têm outro
comando", realçou.
Alguns dos
promovidos vão ocupar cargos de direcção e chefia na polícia moçambicana,
satisfazendo algumas das exigências do falecido líder da Renamo, Afonso
Dhlakama.
A Renamo critica,
no entanto, o facto de nenhum ex-guerrilheiro ocupar cargo de chefia no Comando
Geral da PRM.
VOA – 12.07.2020
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