Moçambique: Insurgentes capturam porto de Mocímboa da Praia e Estado Islâmico divulga imagens
Uma recente
ofensiva de um grupo de insurgentes culminou com a captura e ocupação do
importante e estratégico porto de Mocímboa da Praia, na província moçambicana
de Cabo Delgado, na noite desta terça-feira, relataram à Voz da América (VOA)
várias fontes locais na manhã de hoje.
Os insurgentes
passaram a controlar a infraestrutura após quase cinco dias de confrontos, os
quais se iniciaram a 5 de agosto, entre estes e a força da marinha,
conhecida por fuzileiros navais, que defendia o porto até então. Mas os
militares do exército moçambicano, as FDS, ficaram sem munições.
O grupo Estado
Islâmico divulgou nos seus canais de comunicação imagens de elementos mortos
das Forças de Defesa e Segurança (FDS), bem como armas e munições
capturadas em duas barracas de Mocímboa da Praia, supostamente pela filial
moçambicana.
Uma fonte militar
avançou à VOA que os militares do grupo privado sul-africano Dyck Advisor
(DAG), que fornece apoio aéreo ao Governo no combate aos insurgentes,
tentaram entrar no teatro das operações, mas o seu impacto ficou reduzido
devido ao tempo de 15 minutos que levaram para reabastecer os helicópteros em
Pemba.
“Não consigo
perceber por que é que Macomia, Mueda ou mesmo Palma não foram usados” para o
reabastecimento dos helicópteros, indagou uma fonte militar que vem
acompanhando as operações em Cabo Delgado, e que revelou que chegou a Pemba na
terça-feira uma aeronave adicional, um Allouette III Gunship, com a tripulação
sul africana.
A Zitamar, o
jornal eletrónico publicado em Maputo, citando uma fonte militar, escreveu na
noite de terça-feira na sua página que a DAG tentou também suprir com munições
os fuzileiros navais no teatro das operações, mas as munições foram
descarregadas muito longe do local onde estava a decorrer o combate.
Os insurgentes,
prosseguiu a fonte da VOA, afundaram no porto de Mocímboa da Praia um dos
barcos HV32 Interceptors, com uma arma RPG.
Na sexta-feira,
em combates de baixa intensidade, os insurgentes repeliram as posições
avançadas das FDS nas aldeias ao redor de Mocímboa da Praia, como Awasse, Anga
e Ntotwe, tendo muitos fugido pera Mueda, avançaram as fontes da VOA.
Em Mueda, foi
realizada uma conferência de replaneamento das FDS, tendo uma caravana militar
partido na manhã de domingo para Mocímboa da Praia, mas, pouco antes de chegar
a Awasse, no cruzamento para Mocímboa da Praia, o comboio de viaturas militares
foi alvo de uma emboscada por um grupo de insurgentes.
Mortos em
camiões e Nyusi garante segurança dos investimentos
Calcula-se que 55
elementos das FDS terão sido mortos e outros 90 ficaram feridos. Os corpos
chegaram a Pemba em camiões.
O porto de
Mocímboa da Praia é uma importante e estratégica infraestrutura para o norte de
Cabo Delgado, incluindo para os megaprojetos de gás em curso em Palma, a norte
de Mocímboa da Praia, que também está sem energia e comunicações há várias
semanas, devido aos danos causados pelos ataques, segundo reporta esta semana o
jornal moçambicano Mediafax.
Entretanto,
ontem, num encontro virtual com o presidente do Banco Mundial, David Malpass, o
Presidente da República, Filipe Nyusi, diz haver evidências de que forças
estrangeiras estão a treinar os insurgentes que aterrorizam a província de Cabo
Delgado, mas garante que o projeto de exploração de gás natural em Palma não
está ameaçado.
“As Forças de
Defesa e Segurança estão no terreno, a tentar conter a expansão das ações
terroristas a toda a província de Cabo Delgado e ao resto do país”, avançou
Nyusi.
VOA – 12.08.2020
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