PR moçambicano anuncia tréguas de uma semana no centro do país para promover diálogo
O Presidente
moçambicano, Filipe Nyusi, anunciou hoje uma trégua na perseguição das Forças
de Defesa e Segurança (FDS) à autoproclamada Junta Militar da Resistência
Nacional Moçambicana (Renamo, oposição), insistindo na promoção do diálogo que
os ex-guerrilheiros têm recusado.
"Irei
instruir as FDS para, a partir de amanhã [domingo] e no intervalo de uma
semana, pararem de perseguir a Junta. Para darmos oportunidade à Junta de
voltar ao diálogo", referiu.
O anúncio foi
feito durante um retiro da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo),
partido no poder e que Nyusi dirige, realizado em Pemba, capital provincial de
Cabo Delgado, norte do país.
"Não vamos
perseguir a Junta durante uma semana precisamente para dizer que nós estamos
abertos, o país está aberto, eu estou aberto" ao diálogo, reiterou.
"As vias
necessárias" para esse diálogo "estão abertas", referiu -
dizendo que a Junta sabe como esse trabalho está a ser feito - para que se
encontre "uma solução" para acabar com o problema de haver "moçambicanos
a matar outros moçambicanos".
"Sairemos a
ganhar", destacou, se os ex-guerrilheiros dissidentes da Renamo "se
juntarem ao diálogo".
"As FDS vão
estar instruídas" para não haver "perseguição direta", sem
deixarem de estar alerta, detalhou.
A Junta Militar
da Renamo é um movimento de ex-guerrilheiros dissidentes do principal partido
da oposição de Moçambique que contesta o líder eleito no congresso de 2019,
Ossufo Momade, e as condições de desmilitarização, desarmamento e reintegração
por ele negociadas com o Governo.
O grupo surgiu em
junho de 2019 e ameaçou pegar nas armas caso não fosse ouvido nas
reivindicações de destituição da liderança da Renamo e quanto a uma
renegociação do acordo de paz que Momade assinou em agosto do último ano com
Nyusi.
Desde então, é o
principal suspeito da morte de cerca de 30 pessoas em ataques contra
autocarros, aldeias e elementos das FDS no centro do país, mas ao mesmo tempo
tem recusado vários apelos ao diálogo, inclusive patrocinados pelas Nações
Unidas e União Europeia, entre outros parceiros.
A violência
acontece na mesma altura em que o país enfrenta uma crise humanitária no norte,
na província de Cabo Delgado, onde uma insurgência armada que dura há três anos
já provocou entre 1.000 a 2.000 mortos e 300.000 deslocados.
LUSA – 25.10.2020
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