Renamo diz que "não tem nada a negociar" com Junta Militar do partido
A Renamo,
principal partido da oposição em Moçambique, declarou hoje que "não tem
nada a negociar" com a Junta Militar, mas enalteceu a trégua anunciada
domingo pelo Presidente, Filipe Nyusi, nas ações contra aqueles dissidentes
armados.
"Queremos
dizer aqui e agora que, fora da nossa agenda, não temos nada a negociar com a
autoproclamada Junta Militar", afirmou o porta-voz da Resistência Nacional
Moçambicana (Renamo), José Manteigas, em conferencia de imprensa.
As declarações de
José Manteigas seguem-se aos apelos na quarta-feira do ministro do Interior,
Amade Miquidade, para que a Renamo ajude a persuadir a Junta Militar a aderir
ao acordo de paz e ao processo de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração
(DDR).
"Considerando
que as armas, as munições e o uniforme usados pela Junta Militar são da Renamo
e que há uma umbilical ligação à Renamo, tem esta o dever patriótico, e no
interesse da paz, de fornecer [ao Governo] toda a informação relativa à
junta", afirmou Miquidade, falando na Assembleia da República.
Na conferência de
imprensa de hoje, sem indicar nomes, o porta-voz do principal partido da
oposição declarou que há pessoas que querem "empurrar" o partido para
uma agenda que não é a sua.
José Manteigas
felicitou a declaração de uma trégua de uma semana pelo Presidente da República
nas ações contra a Junta Militar da Renamo, defendendo que o gesto pode ajudar
a "resgatar a paz".
"O
presidente Ossufo Momade e o seu partido, a Renamo, encorajam o Presidente da
República a prosseguir com esta iniciativa que, em última análise, acreditamos,
visa resgatar a paz e a reconciliação", afirmou o porta-voz da Renamo.
A trégua
declarada por Filipe Nyusi corresponde aos sucessivos apelos do líder da Renamo
"no sentido de chamar à razão os integrantes da Junta Militar".
"O nosso
compromisso é firme quanto a este desiderato, razão pela qual, o nosso
Presidente, general Ossufo Momade, está a dirigir o processo de DDR com toda a
responsabilidade e serenidade", declarou.
A Renamo,
prosseguiu, é "apologista da democracia quer internamente quer no contexto
estadual e o nosso fim último é a defesa do nosso povo".
A Junta Militar da
Renamo é um movimento de guerrilheiros dissidentes do principal partido da
oposição de Moçambique que contesta o líder eleito no congresso de 2019, Ossufo
Momade, e o acordo de paz assinado entre a Renamo e o Governo moçambicano em
agosto de 2019.
O grupo surgiu em
junho de 2019 e ameaçou pegar nas armas caso não fosse ouvido, sendo desde
então o principal suspeito da morte de cerca de 30 pessoas em ataques contra
autocarros, aldeias e elementos das Forças de Defesa e Segurança (FDS) no
centro do país.
Ao mesmo tempo, o
grupo tem recusado vários apelos ao diálogo, inclusive patrocinados pelas
Nações Unidas e União Europeia, entre outros parceiros.
O líder da junta,
Mariano Nhongo disse na segunda-feira à Lusa que estava disposto a encetar
diálogo proposto pelo Presidente da República, no âmbito da trégua de uma
semana que Filipe Nyusi declarou no domingo.
LUSA -
29.10.2020
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