Polícia impede manifestação em Luanda, com confrontos e gás lacrimogéneo
Confrontos
entre a polícia angolana e jovens que se querem manifestar estão a assinalar
hoje o dia da independência do país, em alguns locais de Luanda, segundo várias
fontes.
A polícia
angolana está a impedir a concentração de alguns manifestantes na zona do
cemitério de Santa Ana, em Luanda, e em vários bairros grupos de jovens que
tentam forçar passagem são afastados com gás lacrimogéneo, constatou a Lusa no
local.
Na zona, vários
grupos de jovens tentam forçar a passagem, desafiando a polícia com cânticos e
pedidos de não violência, e, na estada de Catete, há cerca de meia hora,
começaram a concentrar-se outros manifestadas que foram dispersados para o
interior dos bairros.
Entre os feridos
encontra-se o jovem ativista Nito Alves, um dos integrantes do grupo de jovens
revolucionários conhecido por 15+2, detidos e julgados em 2017, de acordo com
imagens divulgadas nas redes sociais.
Relatos de
ativistas indicam a detenção de vários manifestantes.
Em declarações à
Lusa, o porta-voz do comando provincial de Luanda da Polícia Nacional, Nestor
Goubel, não confirmou a existência de detidos, remetendo para mais tarde um
pronunciamento das autoridades, ressaltando que estão em curso atos de
intimidação, vandalismo, desordem, queima de pneus, que "a polícia está a
tentar conter".
"Há um
desrespeito total até da própria data da independência e do decreto Presidencial,
mas vai haver um pronunciamento oficial mais lá para frente", referiu.
Nestor Goubel
frisou que o uso de gás lacrimogéneo é um meio de dispersão da polícia,
reiterando que os manifestantes estão a fazer apedrejamentos, provocando
confrontos com a as autoridades e gritando insultos, "que a polícia tem
sabido de forma pedagógica conter".
Angola assinala
hoje 45 anos da independência do país, um feriado em que está prevista a
realização de uma manifestação, organizada por um grupo de jovens ativistas,
com o objetivo de exigir melhores condições de vida e que seja apontada uma
data para as primeiras eleições autárquicas.
O Governo da
Província de Luanda proibiu a realização desta manifestação, invocando diversos
motivos, um dos quais o não cumprimento do Decreto Presidencial sobre o estado
de calamidade pública, que impede ajuntamentos de mais de cinco pessoas nas
ruas, como medida de prevenção e combate à propagação da covid-19.
LUSA – 11.11.2020
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